Se você fizer uma pesquisa rápida on-line para a palavra-chave vídeos verticais, certamente vai se deparar com um número considerável de postagens em blogs e redes sociais sugerindo que você pare de filmar vídeos verticalmente. Ainda hoje, há muitas pessoas que amam odiar os vídeos verticais.
Mas a verdade é que estamos no meio de uma revolução na produção de vídeos. O tradicional formato paisagem (16: 9) está está perdendo espaço para o formato vertical (9:16), que ruma rapidamente ao status de novo padrão para a criação e o consumo audiovisual.
O vídeo vertical costumava ser visto como um erro – algo que as pessoas faziam quando não lembravam de girar o telefone horizontalmente antes das filmagens -, mas, desde o surgimento de plataformas como o Snapchat e o Instagram, o formato se tornou uma maneira inovadora para indivíduos e empresas contarem histórias.
Mais de um bilhão de pessoas usam os vídeo verticais em plataformas que são propriedade do Facebook, como o Instagram e o Whatsapp, e agora até o YouTube adotou o formato na web e em dispositivos móveis.
Tudo indica que os vídeos verticais vieram para ficar, uma vez que os smartphones estão impulsionando a tendência e, à medida que mais conteúdo for criado e consumido em dispositivos móveis, veremos quantidades crescentes do formato.
O olho humano se dá melhor para ver no aspecto paisagem. Nós enxergamos em um plano horizontal e somos capazes de perceber mais elementos de cena horizontalmente do que verticalmente. É por isso que o conteúdo de vídeo geralmente é formatado em paisagem: os seres humanos são melhores em perceber uma proporção de 16:9. Seu computador desktop, laptop e TV provavelmente compartilham uma taxa de proporção de 16: 9, que é o padrão da indústria para TV e filmes.
Ou seja, quando estamos sentados em frente a uma tela, é quase certo que esta será no modo paisagem.
Mas os smartphones interromperam essa tradição.
Os aparelhos celulares conetados à internet desfrutaram de uma adoção meteórica na última década. Estima-se que seis bilhões de usuários estejam on-line com esses dispositivos. Um dia comum, para muitos de nós, começa e termina com um smartphone na mão, e todo o nosso tempo entre dormir e acordar também é preenchido por esses dispositivos.
Para a maioria de nós, segurar um smartphone na vertical é a maneira mais confortável de usá-lo. Claro, é possível girar seu telefone para a horizontal, mas, como um estudo da Scientiam Bile apontou, a maioria das pessoas (94% dos usuários de smartphones) não quer fazer esse movimento. É um incômodo ter que girar, apenas para ver um conteúdo.
O vídeo vertical foi popularizado pelo Snapchat, uma vez que a empresa forçava os usuários a filmar em modo retrato para usar a rede social. Isto empurrou o formato e o popularizou entre centenas de milhões de pessoas.
Ao contrário de outros concorrentes, o Snapchat não oferece um aplicativo de desktop. Por isso, não precisou se preocupar com a usabilidade dos vídeos verticais. Logo ficou claro que este formato é a preferência nos dispositivos móveis, e todos os outros o seguiram.
O recurso Stories do Instagram usa vídeos verticais por padrão. Ferramentas de streaming ao vivo como o Facebook Live o adotaram por padrão, e o YouTube admitiu que o vídeo vertical está aqui para ficar – tanto que passou a ter suporte nativo.
Resumindo, o vídeo vertical converte melhor, é um formato narrativo mais atraente e, em última análise, tornou-se a preferência de milhões.
Houve um tempo em que os vídeos verticais eram considerados as coisas mais esquisitas da internet. As barras pretas verticais que cercavam o vídeo acusavam filmagens amadoras e de baixa qualidade. Mas os tempos mudaram.
Hoje, ao passarmos pelas stories no Facebook, Snapchat e Instagram, conteúdo com vídeo vertical é o que todos querem. Um número crescente de marcas e influenciadores de mídia social adotaram vídeos verticais como parte de sua estratégia de marketing e, como resultado, aumentaram o engajamento e a conscientização da marca.
Como mantemos os telefones na vertical em 94% do nosso tempo, seria justo dizer que os vídeos verticais são o futuro do marketing de conteúdo? A seguir, as opiniões de alguns especialistas sobre o assunto.
Uma das razões pelas quais o marketing de vídeo vertical está se tornando popular entre as marcas é porque ele está alinhado ao comportamento atual do consumidor. Os números mais recentes da Statistica mostram que 52,2% de todo o tráfego da web em 2018 foi gerado a partir de dispositivos móveis, acima dos 50,3% em 2017.
“O marketing de vídeo vertical está em ascensão principalmente porque as pessoas estão consumindo seu conteúdo cada vez mais no celular e on-the-go (consumo de conteúdo durante os deslocamentos entre a casa e o trabalho/escola). Hoje, a grande maioria dos conteúdos capturados em smartphones é filmada verticalmente, ou seja, mantendo o telefone móvel na posição vertical ”, disse Hila Shitrit Nissum, vice-presidente de comunicações da Promo.com.
Nissum acrescentou que consumir vídeos verticalmente proporciona a “melhor experiência de visualização”, pois o vídeo vertical ocupa toda a tela e permite que os usuários segurem o telefone em uma mão e mantenham a outra livre para interagir com o dispositivo.
Taylor Hurff, estrategista digital da 1SEO I.T. Support & Digital Marketing, disse que os vídeos verticais podem prender melhor a atenção do usuário, o que é ideal para empresas que querem aumentar a consciência sobre a marca. “Os vídeos verticais inserem o usuário em uma experiência de marca em tela cheia. Você não precisa competir com nenhum vídeo sugerido, campo de comentários ou até mesmo ícones de notificação nas margens. Com os vídeos verticais, você recebe toda a atenção do usuário por tanto tempo quanto o seu conteúdo puder segurá-lo ”, disse Hurff.
“O vídeo vertical é uma parte essencial de uma estratégia moderna de mídia social. Se você quiser ser atual, se quiser envolver seu público, precisará investir em vídeos verticais”, disse Kevan Lee, diretor de marketing da Buffer.
As grandes plataformas de mídia social como Facebook, Instagram, Pinterest e Twitter foram todas otimizadas para vídeos verticais, sendo que muitas delas removeram as barras pretas para proporcionar uma experiência melhor. No entanto, Steve Weiss, CEO e co-fundador da MuteSix, observou que a duração ideal do vídeo em cada plataforma varia.
“Os vídeos verticais mais longos são mais adequados para o Facebook, já que a experiência média do usuário é geralmente de três minutos por sessão. Em contraste, os usuários do Instagram preferem vídeos verticais mais curtos, que funcionam melhor quando têm menos de dois minutos”, disse Weiss.
Weiss acrescentou que “as marcas estão encontrando as maiores oportunidades no Instagram, Facebook e Snapchat, onde os vídeos verticais já encontram seus formatos adequados nas stories e newsfeed, além de um público preparado para consumir conteúdo diariamente”.
No entanto, é importante observar que nem toda plataforma é 100% vertical. Enquanto o Facebook usa vídeos verticais nas stories, seu recurso de vídeo ao vivo usa o formato horizontal. O LinkedIn também usa o modo paisagem.
O consenso geral é de que o formato de vídeo vertical oferece mais engajamento do que o formato horizontal, pois foi criado justamente para a forma como as pessoas estão consumindo conteúdo de vídeo no celular.
No entanto, como Weiss destacou, para que uma marca aproveite ao máximo esse formato, sua estratégia de marketing deve contemplar certos desafios. “O criador do vídeo precisará entender os novos comportamentos de visualização, como o movimento ocular que se move de cima para baixo, em vez de da esquerda para a direita, e encaixar a narrativa em uma experiência vertical”.
Outro desafio que os profissionais de marketing precisarão enfrentar é o fato de que nem todas as plataformas aceitarão o formato de vídeo vertical. Para isso, Krista Neher, CEO da Boot Camp Digital, aconselhou as marcas a “criarem recursos de vídeo que podem ser usados tanto horizontal quanto verticalmente e usar o formato que funciona melhor para o canal. Outra opção é criar cabeçalho e rodapé em um vídeo horizontal para torná-lo vertical. Você pode compartilhar um título no cabeçalho e legendas no rodapé para maximizar o engajamento ”, disse Neher.
Quer o conteúdo vertical seja ou não o futuro do marketing de conteúdo, as marcas não devem negar os benefícios de um vídeo vertical bem produzido.
“Os vídeos verticais são excelentes para adicionar uma camada de imersão ao seu videomarketing, em oposição à intrusividade evidente. Os consumidores gostam de uma sensação íntima em vídeo, pois ajuda a capturar a experiência humana ”, disse Weiss. “Isso torna o vídeo vertical fantástico para exibir clipes de um dia na vida ou cenas de bastidores. Ele permite que o público se sinta como se estivesse por trás das lentes, oferecendo uma experiência autêntica ao cliente. ”
Com os smartphones saltando dos bolsos por todos os lugares, o conteúdo vertical é capturado quase todo segundo de cada dia, mudando a forma como os eventos mundiais são relatados e consumidos.
Quer sejam as Olimpíadas, a Copa do Mundo ou até mesmo desastres naturais (tempestades, incêndios etc.), você pode descobrir conteúdos de última hora mais rapidamente em plataformas poderosas como o Instagram e o Snapchat do que jamais conseguirá por meio de repórteres e notícias. Atualmente estamos testemunhando a democratização e a ruptura do modo como as notícias surgem e são consumidas em tempo real.
Novos recursos de vídeo – de pesquisas interativas a geofiltros, stickers e realidade aumentada – continuam a reformular a narrativa e a experiência de consumo, abrindo cada vez mais formas para as marcas engajarem os fãs.
Em 2017, o Instagram Stories lançou os stickers de votação interativa, seguindo uma empresa de pesquisa popular, a Polly, que foi lançada como um recurso para os usuários do Snapchat.
Enquanto isso, o “World Effects” do Facebook passou a permitir que as marcas criem e compartilhem experiências incríveis de realidade aumentada (Augmented Reality – AR), onde você pode incrementar a história que está contando com objetos 3D.
Então é isso: seja ousado, experimente novos recursos e dê ao seu público a chance de usar a outra mão.
Os vídeos verticais preenchem a tela, não exigem que o espectador reajuste a pegada do dispositivo e, o melhor de tudo, têm encaixe natural na palma da sua mão.
Claro, o vídeo vertical nunca substituirá a experiência de se sentar em uma sala de cinema e assistir a um filme em widescreen, mas ele está aqui para ficar. Para os criadores de conteúdo, o vertical é um novo e atraente formato para contar histórias, que pode ajudar um negócio a se conectar com seu público de novas maneiras.
O fato é que os vídeos verticais mudaram a produção audiovisual. Qualquer pessoa pode criar conteúdo incrível a partir de um smartphone, sem necessidade de câmeras, recursos de edição caros, e tudo pode ser feito na palma da sua mão.