O fim de uma era. A empresa de softwares para computadores Adobe publicou em seu site uma nota do tipo EOL (end-of-life – “fim da vida”, em tradução livre) relativa ao Flash Player.
Este é o final de um processo que se iniciou em julho de 2017, quando a Adobe anunciou que não distribuiria ou daria suporte ao software, prometendo a total descontinuação em 3 anos.
Promessa feita, promessa cumprida.
O esforço da Adobe para encerrar o Flash Player ocorre enquanto padrões abertos como HTML5, WebGL e WebAssembly vêm amadurecendo continuamente ao longo dos anos e agora servem como alternativas viáveis.
O que os usuários devem fazer com o fim do Flash Player?
Como vários setores e empresas – incluindo sites de jogos, educacionais e de vídeo – foram construídos com base na tecnologia Flash, a Adobe pretende continuar comprometida em apoiá-la até o fim de 2020, contando com a ajuda da Apple, Facebook, Microsoft, Google e Mozilla neste processo.
No restante do ano, patches de segurança regulares, manutenção do sistema operacional, compatibilidade e recursos do navegador continuarão sendo emitidos.
Em 2021, a Adobe removerá o Flash Player de suas páginas de download e o conteúdo baseado em Flash será impedido de ser executado no Adobe Flash Player.
“Recomendamos que todos os usuários desinstalem o Flash Player antes da data do encerramento. Os usuários serão solicitados pela Adobe a desinstalar o Flash Player em suas máquinas ainda este ano e o conteúdo baseado em Flash será impedido de ser executado no Adobe Flash Player após a data da EOL”, dizia o comunicado oficial.
Aviso importante
A Adobe alerta que o Flash Player de terceiros não está autorizado e pode conter malware ou vírus.
Problemas de segurança e a adoção de padrões abertos: o começo do fim do Flash Player
Não é segredo o fato de que o Flash é o alvo favorito dos ataques cibernéticos, principalmente para exploit kits, ataques zero-day e esquemas de phishing. Mesmo assim, o software conseguiu permanecer por anos devido ao número de sites que adotaram a sua tecnologia.
Os problemas de segurança, aliados ao surgimento de padrões abertos (como HTML5, WebGL e WebAssembly), que servem como alternativas viáveis para o conteúdo em Flash, levaram a Adobe à interrupção do software.
Tim Wade, diretor técnico e CTO da empresa de inteligência artificial Vectra, aplaudiu a decisão, dizendo que o Flash tem um longo histórico de uso malicioso e que tecnologias de substituição amadureceram a ponto de serem alternativas viáveis.
“Trata-se de uma mudança telegrafada com anos de antecedência para minimizar a interrupção dos negócios e incentiva a proteção dos usuários da Internet, forçando a migração da Web em direção a padrões abertos mais seguros e confiáveis”, disse Wade.
A própria Adobe confirma a migração: “Os principais navegadores estão integrando esses padrões abertos e reprovando a maioria dos outros plug-ins, como o Flash Player”.
Segundo a empresa, ao anunciar sua decisão em 2017 – com três anos de antecedência até a interrupção definitiva – , ela assegurou tempo suficiente para que desenvolvedores, designers, empresas e outras partes migrassem o conteúdo Flash existente para novos padrões abertos, conforme necessário.
Debandada geral
O abandono do Flash Player vem ocorrendo desde o ano passado:
- O Google descartou o suporte do Flash no Chrome 76.
- O Mozilla anunciou que eliminaria o suporte no Firefox 69.
- A Microsoft desativou o Flash como padrão no Microsoft Edge e no Internet Explorer em 2019 e disse que vai remover completamente o Flash de ambos os navegadores em dezembro de 2020.
Os padrões abertos que impulsionaram o fim do Flash Player
Falar em padrão aberto significa a ausência da necessidade de pagamento de royalties a para a utilização. Essa é uma característica comum aos 3 exemplos seguintes.
Entenda um pouco mais sobre as características dos padrões abertos que decretaram a obsolescência do Flash Player.
WebGL
O WebGL (Web Graphics Library) é uma API JavaScript para renderizar gráficos 3D e 2D interativos de alto desempenho em qualquer navegador da Web compatível sem o uso de plug-ins.
O WebGL faz isso introduzindo uma API que está em conformidade com o OpenGL ES 2.0 que pode ser usado nos elementos <canvas> HTML5. Essa conformidade permite que a API aproveite a aceleração gráfica de hardware fornecida pelo dispositivo do usuário.
O suporte para WebGL está presente em:
- Firefox 4+
- Google Chrome 9+
- Opera 12+
- Safari 5.1+
- Internet Explorer 11+
- Microsoft Edge 10240+
No entanto, o dispositivo do usuário também deve ter um hardware compatível com esses recursos.
WebAssembly
Também conhecido como Wasm, o WebAsembly é um padrão aberto que define um formato de código binário portátil para programas executáveis e uma linguagem de montagem textual correspondente, bem como interfaces para facilitar as interações entre esses programas e seu ambiente host.
O principal objetivo do WebAssembly é habilitar aplicativos de alto desempenho em páginas da Web, mas o formato também foi projetado para ser executado e integrado em outros ambientes.
Em termos práticos, o WebAssembly representa:
- Uma melhoria no JavaScript.
- Um novo idioma: o código do WebAssembly define um AST (Abstract Syntax Tree) representado em um formato binário, ou seja, você pode criar e depurar em um formato de texto para que fique legível.
- Uma melhoria no navegador: os navegadores entenderão o formato binário, o que significa a possibilidade de compilar pacotes binários que compactam menos do que o texto JavaScript usado atualmente. Cargas menores significam entrega mais rápida. Dependendo das oportunidades de otimização em tempo de compilação, os pacotes do WebAssembly também podem ser executados mais rapidamente que o JavaScript.
HTML5
O HTML5 é a versão mais recente da Hypertext Markup Language (linguagem de marcação de hipertexto), o código que descreve as páginas da web.
Na verdade, são três tipos de código:
- HTML, que fornece a estrutura;
- CSS (Cascading Style Sheets), que cuida da apresentação;
- JavaScript, o que faz as coisas acontecerem.
O HTML5 foi projetado para oferecer quase tudo o que você gostaria de fazer online, sem a necessidade de software adicional, como plug-ins de navegador.
Ele faz de tudo, desde animação a aplicativos, música a filmes, e também pode ser usado para criar aplicativos incrivelmente complicados que são executados no navegador.
Por ser multiplataforma, não importa se você está usando um tablet, um smartphone, um notebook ou uma smart TV: se o seu navegador suporta HTML5, ele deve funcionar perfeitamente.
Streaming de vídeo online ao vivo e o fim do Flash Player
No passado, a tecnologia de vídeo Flash da Adobe era o principal método de entrega de vídeos na Internet. Este é um dos motivos que explica o gigantesco número de sites que utiliza o Flash Player.
Mas muita coisa vem acontecendo no mundo do vídeo online. Streams entregues por protocolos como o HLS e reproduzidos por players de vídeo HTML5 já vêm substituindo gradativamente o Flash Player em sua quase totalidade.
>>> O que é o protocolo de streaming HLS e quando você deve usá-lo.
Essa é uma mudança bastante celebrada, tanto para emissoras quanto para os telespectadores.
HTML5 e HLS operam com código aberto: os usuários podem modificá-los de acordo com suas necessidades e qualquer pessoa pode acessá-los gratuitamente.
Além disso, esses novos protocolos de streaming são mais seguros, mais confiáveis e mais rápidos do que as tecnologias anteriores.
Resumindo…
Caso você seja usuário do Flash Player, evite dores de cabeça relativas à segurança e à funcionalidade, seguindo as recomendações da Adobe:
- Desinstale o Flash Player antes do fim de 2020.
- Não utilize versões de terceiros para o Flash, pois não são autorizadas pela Adobe e podem conter vírus e malwares.
- Faça o processo de migração para padrões abertos como WebGL, WebAssembly e HTML5.
Se você faz transmissões ao vivo de vídeo online e ainda utiliza o o Flash Player, convidamos você a conversar conosco sobre o protocolo HLS. Você vai entender por que ele é considerado atualmente como a vanguarda da tecnologia de entrega de vídeos na Internet.