Bem-vindo à era da low touch economy — ou “economia de pouco contato”. Este é o nome dado à adaptação que os mercados precisarão fazer aos novos comportamentos de consumo pós-coronavírus, norteada pela interação social reduzida e regras de higiene mais austeras. Você verá a seguir os principais trechos do estudo Welcome to the Low Touch Economy, da empresa de design de negócios e estratégia de inovação Board of Inovation.
A era pós-COVID-19 terá uma economia moldada por novos hábitos e regulamentos com base na interação reduzida de contato próximo e restrições mais rígidas de viagens e higiene.
A interrupção atual mudará a maneira como comemos, trabalhamos, compramos, nos exercitamos, administramos nossa saúde, socializamos e passamos nosso tempo livre – tudo isso em um ritmo de transformações sem precedentes.
Este artigo se concentra nas partes do estudo que analisam as mudanças de hábitos de consumo previstas e a preparação das indústrias para os efeitos de médio e longo prazo.
Vamos começar com quem efetivamente faz a roda da economia girar: o consumidor.
Low touch economy e as 10 mudanças esperadas no comportamento do consumidor
#1. Crescente ansiedade / solidão e depressão
Infelizmente, muitas pessoas se sentirão mais isoladas, perderão seus empregos, serão confrontadas com doenças, enfrentarão problemas de relacionamento… Talvez tudo de uma vez.
O que esperar:
Haverá uma enorme necessidade de terapia (remota) e treinamento. Certas regiões já veem um aumento na demanda por animais de estimação. Além disso, jogos / ferramentas sociais online estão crescendo, a exemplo de Houseparty e Discord.
Observe que muitas ferramentas não foram projetadas para novos tipos de utilização. Um exemplo é o namoro online via Zoom.
#2. Desconfiança com a higiene de pessoas e produtos
Com a natureza viral da COVID-19, consumidores e organizações estão se tornando muito mais cuidadosos com as pessoas e produtos com os quais interagem. É provável que passem a ser exigidas provas formais de higiene e status de saúde atual.
O que esperar:
Isso pode resultar em redesign de embalagens, compartilhamento de registros pessoais de saúde e temperatura, formatos de varejo / hospedagem com complementos de serviço gratuitos focado em limpeza e preferência por produtos avançados em relação a entregas sem contato.
#3. Restrições a viagens estendidas, mesmo dentro de um país
É provável que viagens e turismo tenham o maior impacto dentre os segmentos (ver quadro de análise de impacto nas indústrias a seguir). Viajar parece um risco para os consumidores, pois talvez não consigam voltar para casa ou não tenham certeza se estarão seguros no local-destino caso ocorra outro surto.
O que esperar:
Provavelmente, o turismo local florescerá. Viajar para o exterior poderá valer a pena somente para férias mais longas, levando em consideração um período de quarentena. Abre-se a possibilidade da combinação de viagens com trabalho remoto. O rural e o afastado podem se tornar refúgios de luxo.
#4. Trabalho otimizado a partir de configurações domésticas
O lar assume um novo significado, à medida que indivíduos e famílias descobrem maneiras de equilibrar suas necessidades de vida profissional dentro dos limites de seu espaço.
O que esperar:
As empresas com pouco dinheiro reduzirão o espaço e a infraestrutura dos escritórios. Então, prepare-se para configurações em casa que vão muito além de apenas uma segunda tela. As pessoas trarão equipamentos especiais, máquinas e configurações avançadas de vídeo / áudio para acomodar essa mudança no estilo de vida.
>>> Home office e videoconferência: como ajustar o trabalho ao cenário do coronavírus.
#5. Tensão crescente e conflitos em todos os níveis
As organizações e pessoas estão operando no modo de sobrevivência. Enquanto isso, muitos podem violar contratos ou regulamentos ao longo do caminho.
O que esperar:
As tendências de pesquisa do Google já mostraram um pico de “Force Majeure” (força maior). Batalhas legais surgirão em todos os lugares. Ao mesmo tempo, os advogados estão mudando para uma maneira digital de trabalhar. Isso acionará mais ferramentas de automação do trabalho jurídico para operar em escala.
#6. Níveis sem precedentes de desemprego global
Na low touch economy, muitas pessoas serão forçadas a repensar suas carreiras, já que mudar para outro concorrente em dificuldades no mesmo setor nem é uma opção.
O que esperar:
O treinamento e a capacitação remota terão um pico. Ao mesmo tempo, muitos podem mudar para um negócio mais empreendedor para aumentar o orçamento familiar. Ambas as opções trarão uma experiência valiosa assim que a economia se recuperar.
>>> Ferramenta para webinar: saiba como funciona e quais recursos não podem faltar.
#7. Entrega em domicílio para tudo
Muitas empresas de varejo e distribuidores de produtos precisarão mudar para o remoto e começar a oferecer o serviço de entrega. O varejo regular não vai desaparecer, mas sim evoluir.
O que esperar:
Espere soluções de delivery mais especializadas, como pontos de entrega para alimentos congelados / resfriados e otimizações mais avançadas da cadeia de suprimentos (por exemplo, várias lojas agrupando entregas na mesma casa ou rua). Compras via realidade virtual e entregas em massa por drones ainda não serão popularizadas neste primeiro momento.
#8. Contato limitado com gerações mais velhas
Até que uma vacina esteja disponível, a interação com pessoas acima de 65 anos será severamente restringida. As reuniões sociais terão que ser repensadas.
>>> Aprenda como montar uma videoconferência.
O que esperar:
Embora a adoção digital se acelere muito em breve, serão as atividades diárias normais que precisarão ser redesenhadas.
Alguns exemplos de opções de varejo especiais: cerimônias / rituais aprimorados, como casamentos grandes. Também é provável a criação de comunidades para pessoas com necessidades especiais ou com determinada idade.
#9. Somos mais do que os nossos trabalhos
Para muitos, a profissão é uma parte significativa de quem eles são. Misturar trabalho e vida privada desmascara essa camada superficial. Só agora muitos estão conhecendo seus colegas em um nível mais profundo – uma videochamada de cada vez.
O que esperar:
Em tempos normais, o vestuário é usado como um elemento para moldar e comunicar a forma como você quer aparecer para os outros. Quando há menos interação física, a sua “versão online” em vídeo é a que passa a fazer esse papel. Por isso, é provável que mais ferramentas surjam para incrementar o seu “alter ego digital” dentro das plataformas de vídeo.
#10. O valor dos consumidores imunes certificados
Se o seu modelo de negócios depende de reunir muitas pessoas em espaços delimitados – cruzeiros, teatros, eventos / festivais, etc. -, ainda não há luz no fim do túnel.
O que esperar:
Popularização de cabines de jantar individuais ou interações sem humanos (por exemplo, garçons robôs). Uma saída poderia ser a ascensão de um novo segmento de consumidores com um registro oficial de saúde para provar o status imunológico.
Seria possível comercializar apenas para essas pessoas? Este é um território desconhecido para a maioria das indústrias.
Low touch economy e seu impacto em diferentes indústrias
De acordo com o estudo da Board of Inovation, uma queda acentuada e sem precedentes na demanda terá efeitos de ondulação profundos na cadeia de valor.
Exemplo:
Visitas a restaurantes caem quase a zero – > menor consumo de álcool – > cervejarias diminuem suas vendas – > agricultores também perdem receita.
Algumas dessas empresas podem até falir, gerando mais desemprego e, consequentemente, levando a uma demanda ainda menor no mercado. Esse é o círculo vicioso de uma recessão, o qual só pode ser rompido por um grande estímulo fiscal e / ou monetário.
A Board of Inovation fez uma análise sobre o impacto da COVID-19 em diferentes indústrias – turismo, esportes, música, automotiva, bebidas alcoólicas, varejo (não-alimentícios) e farmacêutica.
A análise atribuiu status de impacto que variavam entre “muito alto” e “baixo” a 5 requisitos aplicados a essas indústrias:
- Grandes aglomerações são essenciais.
- Interação humana próxima é essencial.
- A higiene (ou a percepção dela) é fundamental.
- Depende de viagens (negócios e lazer).
- O serviço ou produto é adiável ou dispensável.
A análise de impacto para cada uma das indústrias foi a seguinte:
- Turismo: MUITO ALTO
- Esportes: ALTO
- Música: ALTO
- Automotiva: ALTO
- Bebidas alcoólicas: MÉDIO
- Varejo (não-alimentícios): MÉDIO
- Farmacêutica: BAIXO
O que podemos esperar da low touch economy?
Ouvimos e lemos previsões tanto apocalípticas quanto otimistas (em menor escala) para os efeitos do coronavírus nos comportamentos sociais e nos negócios. Mas como equilibrar estes extremos, quando a maior das certezas é a própria incerteza?
É provável que haja alternâncias entre lock downs e reaberturas, por um espaço de tempo que ainda não pode ser determinado.
Mas algumas coisas não mudam. No ambiente online, as pessoas continuam tendo o aprendizado / informação e o entretenimento como objetivos principais de suas buscas.
Na “vida real” (este termo está ficando cada vez mais turvo…), pilares básicos como a alimentação, a manutenção da saúde, a moradia e o vestuário continuarão reinando, enquanto houver pessoas aptas a pagar por eles.
Somam-se a estes elementos os fatores-chave da low touch economy: a drástica redução das interações sociais e a exigência por normas de higiene cada vez mais rígidas.
Ao que parece, o principal desafio dos negócios é encontrar novas formas de entregar aquilo que as pessoas continuam procurando – e, por “novas formas”, entenda-se como adequadas às exigências de isolamento e higiene.
Obviamente, o cenário atual apresenta oportunidades, como os exemplos dos refúgios rurais e o atendimento feito por robôs, citados no artigo.
A sacada final é a seguinte: na low touch economy, o fluxo de capital não depende do contato direto entre as pessoas. Este é o ponto central. A partir de agora, cada planejamento de novo negócio ou adaptação de estruturas consolidadas deve ter esse conceito como farol para as suas iniciativas.