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IGTV do Instagram pode ameaçar o domínio do Youtube?

IGTV do Instagram será uma ameaça para o YouTube?

Kevin Systrom, CEO do Instragram, no evento de lançamento da IGTV. Foto: Instagram Press.

O Instagram nasceu como um simples aplicativo de compartilhamento de fotos em 2010, mas começou a se aproximar dos vídeos em 2013, quando passou a permitir que os usuários fizessem upload de clipes curtos.

Agora, cinco anos depois de dar o impulso inicial, a empresa planeja levar seus esforços ainda mais longe com o lançamento do IGVT, aplicativo independente que apresenta vídeos verticais de até uma hora de duração (alguns usuários recebem a cota inicial de 10 minutos), o que representa uma grande mudança em relação ao limite de um minuto do Instagram.

IGTV também terá um espaço dedicado no aplicativo principal do Instagram, caso você queira assistir a esses vídeos no mesmo lugar em que vê fotos e stories.

>>> Embora o CEO Kevin Systrom tenha dito a um grupo de repórteres que as opções de monetização um dia estarão disponíveis para os usuários do IGTV, o Instagram perdeu uma grande oportunidade de se tornar uma séria ameaça ao YouTube já no seu primeiro dia de vida. <<<

Especialmente porque os youtubers estão procurando desesperadamente alternativas ao site de vídeos do Google. A empresa está constantemente mudando suas diretrizes de publicidade – o que afeta a forma dos canais ganharem dinheiro. No ano passado, durante um esforço para desmonetizar automaticamente vídeos ofensivos, o YouTube acabou prejudicando criadores inocentes.

O YouTube acabou corrigindo os erros, mas não sem antes desencadear uma avalanche de reclamações públicas dos youtubers, sobre o que eles chamaram de adpocalypse (algo tipo “apocalipse dos anúncios”).

>>> Saiba mais sobre a dificuldade de ganhar dinheiro com o YouTube

Essas mudanças constantes nas regras de monetização e de algoritmos do YouTube levaram alguns criadores a colapsos nervosos, obrigando-os a terem que resolver os crescentes problemas de saúde mental causados pela ansiedade de seus empregos.

A pressão de ter que produzir constantemente novos conteúdos, enquanto se preocupam com a possibilidade de seus vídeos acabarem violando as diretrizes de anúncios do serviço, se tornou uma rotina estressante.

Resumindo: para aqueles que vivem do YouTube, outras fontes de receita seriam mais do que bem-vindas.

>>> Este deveria ser o lugar onde o IGTV entra. Mas o Instagram decidiu lançar seu produto sem nenhuma das ferramentas necessárias para que os criadores realmente ganhem dinheiro. <<<

É claro que o IGTV poderia facilmente ter problemas semelhantes aos do Google. Mas os erros cometidos pelo YouTube estão bem documentados e podem fornecer um confiável roteiro para o que fazer e o que não fazer.

Mesmo que o Instagram não tenha como pagar os criadores ainda, há um interesse óbvio por parte de algumas novas estrelas – como mostrado pela presença de inúmeros criadores virtuais que já são celebridades no evento de lançamento do IGTV. E isso não é nenhuma surpresa, já que seria um erro para qualquer um deles ignorar um aplicativo que agora tem um bilhão de usuários ativos mensais.

“Não começamos por aí (monetização) porque estamos tentando apenas proporcionar uma boa experiência ao consumidor”, disse Ashley Yuki, gerente de produto do Instagram, sobre a decisão de deixar os anúncios fora do IGTV no começo.

Na plataforma, os vídeos podem ter links em suas descrições, possibilitando o direcionamento das pessoas para algo como uma postagem patrocinada no Instagram. Campanhas publicitárias nativas são uma grande fonte de receita para os influenciadores. Assim, até que os anúncios cheguem no IGTV, os criadores com muitos followers provavelmente precisarão contar com eles no início.

A youtuber Elly Awesome, que tem mais de 285 mil assinantes no canal, disse que o fato de não poder ganhar dinheiro diretamente com o IGTV não é um problema, pois a renda pode vir facilmente através de inserções de produtos nos vídeos, a exemplo das avaliações pagas.

Elly acrescentou que, dada a natureza rápida dos vídeos verticais, ela está empolgada com a possibilidade de o IGTV ajudar a envolver os espectadores de uma forma muito mais fácil do que no YouTube. “Eu definitivamente acho que (o IGVT) poderia fazer o que a Vine fez e ser uma ótima plataforma para o crescimento de novas mídias sociais”, disse a youtuber.

A gerente de produto Ashley Yuki acrescentou que, como o modelo de receita baseado em anúncios é um padrão do setor, faria sentido que o Instagram o adotasse mais adiante. Não só porque beneficiaria a própria empresa, naturalmente, mas também a comunidade como um todo. “É um lugar razoável para se chegar. Vamos ver o que faz sentido”, disse Yuki. “Mas estamos empenhados em garantir que os criadores possam ganhar a vida aqui, porque, para muitos deles, este é um trabalho em tempo integral.

>>> Um benefício inegável do IGTV é que ele já arrancou com um bilhão de usuários no primeiro dia, uma vez que todos que têm uma conta no Instagram podem começar a enviar e assistir a vídeos imediatamente. <<<

E esse é o grande lance do IGTV: pode não haver uma maneira de pagar os criadores agora, mas, por causa do sucesso do Instagram, o potencial é suficiente para deixá-los animados. O dinheiro vai surgir, eventualmente (pelo menos todos os aspirantes a estrelas do IGTV esperam que isso aconteça).

Isso provavelmente não é suficiente para assustar o YouTube. Pelo menos não agora.

Os princípios básicos do IGTV

No evento de lançamento do novo aplicativo de vídeos do Instagram, o CEO Kevin Systrom resumiu o IGTV em uma frase:

“Vídeos verticais longos, dos criadores que você adora.”

De acordo com Systrom, o IGTV foi idealizado a partir de 3 princípios básicos:

  1. Mobile-first: tudo foi feito para funcionar do jeito que você naturalmente segura o smartphone
  2. Simplicidade e usabilidade intuitiva
  3. Apresentação de conteúdo de alta qualidade, dos criadores que já são conhecidos e seguidos por muitas pessoas.

E o YouTube contra-ataca…

Diante da debandada de criadores, indignados com a dificuldade de monetização proveniente da mudança de política de anúncios, a plataforma de vídeos do Google resolveu ajudar os youtubers a recuperar parte dos prejuízos, ao permitir a venda de mercadorias para os seus seguidores.

Aí entram produtos como camisetas, bichos de pelúcia e capas para celulares, entre outros, dentro de uma lista de mais de 20 mil itens que poderão ser personalizados e vendidos a partir de seus canais. O merchandising estará disponível para canais qualificados com base nos EUA e contendo mais de 10 mil inscritos.

Neal Mohan, vice-presidente de produtos do YouTube, disse durante a VidCon 2018 que a venda de produtos pelo site deve representar uma fonte de renda considerável para os produtores, e não somente uma pequena parcela do que eles ganham com anúncios.

Ainda restrito a um seleto grupo de criadores, o YouTube lançou o Channel Memberships, no qual os espectadores pagam uma taxa mensal de U$ 4,99, que dão direito a regalias como mensagens exclusivas, livestreams, novos emojis, postagens somente para membros e vídeos extra, entre outros.

A ideia é expandir o Channel Memberships para canais qualificados com mais de 100 mil inscritos.

Outra novidade são as Premieres. Como o nome indica, funcionarão como estreias de conteúdos, mesmo que pré-gravados, que serão disponibilizados ao vivo em uma página de destino específica.

Essa página será como uma sala de exibição, a exemplo de um cinema, onde os seguidores do criador se encontrarão todos ao mesmo tempo, e poderão interagir ao vivo via mensagens em chats – inclusive com o criador.

O principal objetivo das Premieres é gerar antecipação e aumentar a interação entre os criadores de conteúdos e suas comunidades.

Criadores de conteúdo: uma nova economia global

Inquestionavelmente, os chamados influenciadores digitais substituíram as tradicionais celebridades no mundo dos vídeos on-line.

A forma como os vídeos estão sendo assistidos está mudando rapidamente, e o que está sendo assistido também está mudando. Uma nova categoria de vídeos existe, e ela está sendo feita por criadores. E os adolescentes estão assistindo cada vez mais aos conteúdos gerados por esses influenciadores.

>>> Atualmente, os adolescentes estão assistindo TV 40% menos do que há 5 anos. Já no Instagram, as pessoas estão assistindo a vídeos 60% a mais no período de apenas um ano. <<<

Os criadores geram conteúdos, compartilham com suas bases de fãs – que às vezes representam números maiores que as populações de alguns países -, e toda essa audiência atrai a atenção de empresas anunciantes.

Essa nova forma de economia global abriga criadores que ganham de 5 a 6 dígitos por ano com os anúncios veiculados em suas produções.

Atualmente, o YouTube tem 1,9 bilhão de usuários conectados ao mês (contra 1,5 milhão no ano passado), e o Instagram ultrapassou a marca de 1 bilhão de usuários ativos mensalmente.